É comum nos dias de hoje, muitos colegas do turismo realizando pesquisas e prevendo a retomada do turismo e como ela se dará. Mas nós aqui do R4PBrazil já alertamos que não é seguro viajar, não existe retomada e que a situação somente voltará à um possível controle, quando tivermos a população vacinada, não antes. O artigo que trouxemos hoje reflete os resultados dos números negativos no Turismo, mas positivos em outras frentes.
Dentre as empresas listadas na bolsa de valores brasileiras, algumas das mais afetadas foram aquelas diretamente ligadas à indústria turística.
Que o atual Covid-19 afetou as economias de todos os países do mundo é inegável. Porém, seis meses após os primeiros sinais da pandemia na China, e principalmente após os primeiros impactados nas Bolsas ao redor do mundo, muitas empresas já reganharam seus valores de mercado pré-pandemia. E algumas já os superaram.
É evidente, no entanto, que os indicativos da bolsa não refletem para muitos o dia a dia. As nossas rotinas de ir e vir livremente foi alterada, muito perderam seus empregos e aqueles que os mantiveram tiveram que se adaptar às novas circunstâncias.
E aquelas empresas que ainda não conseguiram ou não podem se ajustar ao novo normal tão rapidamente?
Setores da economia como alimentos, vestuário, varejo, tecnologia e muitos outros puderam rapidamente se adaptar, em maior ou menor escala. Algumas empresas, com maior preparo ou planejamento, se sobressaíram melhor que outras.
Porém, quando olhamos para a indústria de Viagens e Lazer a história é outra. Hoje possuímos listadas na Bolsa de Valores Brasileira, dentre os setores de Consumo Cíclico e Bens Industriais, dos segmentos Transporte Aéreo, Hotelaria, Viagens e Turismo, 5 grandes players: Azul e Gol Linhas Aéreas, CVC, São Paulo Turismo, Hotéis Othon e Brazil Hospitality Group (este último desde 2015 sem participação na bolsa). E como podemos ver os gráficos abaixo a recuperação em bolsa ainda está longe dos patamares de janeiro de 2020.
Principalmente quando comparamos com empresas de outros setores que não somente já recuperaram seus índices, como estão ultrapassando suas altas pré-pandemia.
Evidentemente que estas são algumas exceções, resultado de seus ramos de atuação, do forte baque que o mercado mundial teve, da competência dessas empresas em lidar com a crise, dentre muitos outros fatores que não convém neste momento aprofundar.
No entanto, o que convém aprofundar é o impacto que a Industria do Turismo está sofrendo. O tempo de recuperação do setor deverá se prolongar por mais algum tempo. Mas por quanto tempo?
Alguns analistas apontam uma retomada gradual ao longo dos próximos dois anos, com foco inicial no turismo interno de cada respectivo país. Outros, mais pessimistas, acreditam que haverá uma escassez ainda mais longa para o turismo.
Devido aos impactos na economia mundial, o constante aumento no número de demissões e as injeções de incentivos dos governos em seus mercados resultará em uma diminuição do poder de compra da população e em uma maior cautela com os gastos nos próximos 36 meses. E desta forma, impactará setores como Lazer e Viagens mais fortemente, reduzindo as chances de uma forte retomada.
Contudo, muitas dessas análises sofrem reavaliações mensais e até mesmo semanais. O principal fator para tamanhas mudanças nas previsões é, em meio a uma pandemia, a vacina. Para além dos mais pessimistas ou dos mais otimistas, muitos dos ensaios se baseiam em uma potencial vacina para 2022 ou além. Prazo este que, em um outro momento da história, teria se provado verdade. Mas, felizmente, desta vez as circunstâncias estão se provando diferentes. Em meio a um mal que afeta toda a humanidade, ainda que, com precedentes já vistos e registrados na história, nosso avanço tecnológico atual é capaz de munir a humanidade de uma união, desta vez sem precedentes, para poder lutar e encontrar uma solução que possa ajudar a todos. E assim esperamos.
Desta forma, considerando uma produção de vacinas que possam imunizar a população contra o Covid-19 ainda em 2020 e o início de sua distribuição em 2021, o cenário de análise e previsões muda consideravelmente. Ainda que, mesmo tendo laboratórios pelo mundo trabalhando em conjunto para a produção de uma vacina, haverá um segundo trabalho homérico que consistirá em produzir, distribuir e vacinar os quase 8 bilhões de habitantes da terra. Um processo de logística que poderá, dependendo das estruturas de cada país, levar vários meses e até mesmo anos.
Ainda assim, mesmo diante de tantos “mas, porém, se” eu prefiro me manter otimista. Mas, com o pé no chão e realista. Cedo ou tarde o mercado irá se retomar, os aviões voltaram a voar e os turistas voltaram a viajar. E igualmente às empresas que souberam se preparar, se organizar e se beneficiar do momento atual para crescer e vendar mais, o Turismo não será diferente.
Assim como para nós, pessoas físicas, o mais importante ao final disso tudo, quando essa pandemia chegar ao fim, é sairmos vivos dessa luta, com saúde física e mental para continuarmos. Contudo, preparação e planejamento, como estamos vendo os exemplos, será o grande diferencial entre uma empresa com forte retomada e aquelas que ficarão a ver navios quando os passageiros vorazes por embarcar chegarem.
Colaboração/Fonte: Luiz Seigo (Investidor e autor do texto acima)