Paris é o terceiro departamento mais afetado pela Covid-19, não é à toa que a prefeita Anne Hidalgo quer tornar a máscara obrigatória em certas áreas e anunciou na semana passada à imprensa que o fará em breve : e ela não está errada. No mínimo, nas ruas comerciais, nos cais do Sena, nos parques e jardins e claro nas feiras livres.
Em Paris, o uso de máscara será obrigatório em certas áreas para tentar conter a preocupante retomada da epidemia de Covid-19. Pelo menos é o que deseja Anne Hidalgo, a prefeita (do Partido Socialista) da capital. Na semana passada, dia 4 de agosto, enviou um pedido nesse sentido a Didier Lallement, o prefeito da polícia de Paris. Na primavera, vários municípios tentaram impor o uso de máscaras ao ar livre, mas perderam os recursos legais. Desde 31 de julho, os prefeitos foram oficialmente autorizados a tomar essa decisão.
“Usar a máscara é desagradável, especialmente quando faz calor, mas é um gesto realmente necessário quando a epidemia recomeça’’, argumenta Anne Souyris, a vice-prefeita de Paris responsável pela saúde. “Por isso, vamos pedir que seja obrigatório em locais ao ar livre onde há muita gente e onde é difícil respeitar a distância de um metro entre cada um. “
A lista das zonas ainda não está totalmente definida, mas deve incluir, pelo menos, as ruas comerciais, o cais do Sena, os parques e jardins, bem como as feiras livres. Lugares onde turistas e parisienses fazem fila ao ar livre também devem ser incluídos.
Em artigos passados (clique aqui) nós comentamos sobre algumas cidades que na França que já estão agindo dessa forma para tentar conter o vírus, nos espaços públicos abertos, não somente os fechados.
A situação da saúde está piorando em Paris
“Já estávamos incentivando os parisienses a usar a máscara o máximo possível, mas não foi muito seguida”, reconhece Anne Souyris. Se o uso desta proteção é geralmente respeitado dentro das lojas e nos transportes públicos, onde é obrigatório, a prática é bem diferente fora. Nas ruas, “90% das pessoas não usam a proteção”, avalia a Sourys, com fortes variações de um bairro para outro.
“É triste, mas estamos no início de uma segunda onda”, disse o vice-prefeito encarregado da saúde.
No entanto, a deterioração da situação sanitária leva as autoridades públicas a intensificar as medidas de combate à epidemia. “Depois de cair até junho, todos os indicadores agora mostram um aumento na Covid-19 em Paris e sua região”, observa Anne Souyris. “ O movimento é lento, mas constante por um mês. Houve uma mudança clara. É triste, mas estamos no início de uma segunda onda ” , disse ela.
Análise semelhante à realizada pelos membros do conselho científico em seu último parecer ao governo, divulgada terça-feira, 4 de agosto. Na escala da França, “é altamente provável que uma segunda onda epidêmica seja observada no outono ou no próximo inverno”, escrevem, alarmados em particular pelo ressurgimento do Covid-19. “O primeiro pico epidêmico (…) mostrou a fragilidade das áreas metropolitanas a riscos desse tipo à saúde”, destacam. Acrescentando: “O excesso de mortalidade associado à Covid-19 era maior nas áreas mais densas. “
A máscara logo se tornará obrigatória nas ruas mais movimentadas da região de Paris. Embora essa proteção tenha sido apresentada inicialmente como desnecessária, a obrigação de usá-la nos locais públicos mais frequentados tornou-se por algumas semanas uma das armas preferidas pelos municípios para lidar com a disseminação da Covid-19.
Nem todas as ruas de todos os municípios serão afetadas e os prefeitos das regiões devem se réunir ainda para définir a estratégia, ainda essa semana. O uso de máscara só deve se tornar obrigatório ao ar livre em áreas consideradas problemáticas. Aquelas onde costuma haver muita gente, encontros, às vezes festas, e onde se mostra impossível manter uma distância de pelo menos um metro entre cada pessoa: as estreitas ruas comerciais, os mercados, o Canal Saint-Martin ou as margens do Sena em Paris, por exemplo. Os prefeitos devem definir um quadro geral, indicando a lista de tipos de locais visados, e deixar que os prefeitos ajustem as medidas à realidade de cada município.
Terceiro departamento mais afetado.
Os moradores inclusive são à favor, tudo deve ser feito para evitar um novo confinamento e permitir a recuperação econômica.
Mas os resultados dos testes realizados diariamente são claros. Desde 25 de junho, o número de pessoas com diagnóstico positivo nos últimos sete dias tem crescido continuamente, de 5,5 por 100.000 habitantes para mais de 30 por 100.000 habitantes em 2 de agosto. Quase seis vezes mais. O aumento foi particularmente acentuado desde 25 de julho.
Esperamos que as medidas sejam tomadas com a urgência devida, para evitar um Segundo período de confinamento e também uma segunda onda de contaminação, que parece inevitável.
Fonte: Le Monde