O turismo LGBT está ameaçado?

Nos últimos anos o turismo “gay friendly” conquistou uma grande parte do mundo, especialmente os países ocidentais, onde a comunidade gay pode viver sua diferença enquanto desfruta de serviços bem-vindos e adaptados. Infelizmente, os tempos mudam. O clima abertamente homofóbico em que operamos está ameaçando essa forma de turismo não somente no Brasil, mas no mundo.

No nosso ramo de atividade, é evidente que levar em conta a clientela gay não é novidade. Para termos uma ideia, apenas na Europa o turismo LGBT representa cerca de 8% do faturamento total, ou 65 bilhões de dólares.

Alguns operadores e agências de viagem, para demonstrar sua gentileza para com essa população, divulgam produtos e serviços com uma postura “Gay friendly”, pois tornou-se uma obrigação, algo que não pode faltar na prateleira.

Entretanto não é bem assim. “Gay friendly” não é um rótulo oficial, mas a marca de uma atitude não discriminatória e compromisso com esta comunidade. Trata-se, portanto, entre outras coisas, de oferecer uma oferta turística concreta.

Na França, por exemplo, as cidades que demonstram interesse por essa clientela são aproximadamente trinta. Entre elas está Paris, Nantes, Marselha, Lyon, Deauville, Montpellier, Bordeaux e Nice.

Aliás, a capital da Riviera não só oferece uma ampla gama de operadores, como também desenvolveu um repositório real que define as regras básicas de hospitalidade junto à comunidade gay e lésbica, que, quando estão satisfeitos, tornam possível obter o verdadeiro rótulo de qualidade, que também inclui treinamentos propostos pelo Gabinete de turismo e todos os tipos de serviços, indicando a gravidade da abordagem.

Além disso, em termos de eventos, Nice organiza o “Pink Parade” em julho, o festival “In & Out” em abril, o festival “Polychrome” em setembro, e a cidade organizou seu primeiro “Gay Carnival” em fevereiro de 2018.

Quanto à capital francesa, vamos acrescentar que obteve este ano um prêmio de prestígio: torna-se a primeira “cidade aprovada pela Gay Travel” na Europa. Uma distinção concedida por um júri composto por todos os tipos de especialistas e influenciadores.

Nesse contexto em que tudo parecia estar indo bem, surgiram ameaças homofóbicas. E não menos importante no Brasil, em Bali, na Malásia e em Cuba.

O impacto da homofobia na vida cotidiana das pessoas LGBT e especialmente em sua capacidade de mostrar sua vida como um casal é, portanto, muito importante, especialmente em vítimas de agressão que integram mais do que outros os riscos da vida. E esse pode ser o principal ponto a legar um casal gay ou LGBT a escolher um destino para viagem de férias, lua de mel, enfim.

A discriminação infelizmente continua sendo muito presente e penalizadora para turistas gays e cabe à nós profissionais buscar o entendimento, capacitação e formação para atender esse tão especial público.

O turismo gay é um pequeno Lord Voldemort. Todo mundo fala sobre o assunto, mas não podemos dizer o nome dele!

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